Vivemos em uma sociedade que deseja envelhecer, mas muitas pessoas não consideram a preparação para essa fase da vida. O envelhecimento é um processo natural e importante, uma vez que a alternativa não é das mais agradáveis. A forma como nos preparamos para essa fase, em relação à saúde, aos relacionamentos e às finanças, pode determinar a qualidade de vida durante a velhice.
Ao compararmos a realidade de uma pessoa que se preparou financeiramente com a de outra que não se preparou, compreendemos a importância do planejamento prévio ao longo da vida. A obtenção de renda se torna mais comprometida com o passar dos anos, devido a uma série de fatores, como o declínio da saúde física, a redução da energia e resistência, as limitações sensoriais, a aposentadoria forçada ou a restrição das ofertas de trabalho, muitas vezes fruto do etarismo.
Um estudo publicado em abril de 2023 pelo Banco Mundial em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), agência da ONU para o desenvolvimento global, trata da proteção social requerida para o Brasil do futuro. O estudo lista dez propostas de reformas de médio prazo para que possamos enfrentar os desafios da assistência social, do trabalho e da previdência nas próximas duas décadas. Uma dessas propostas é a expansão, reformulação e redirecionamento de programas ativos de mercado de trabalho.
A preparação financeira para o envelhecimento deveria ser um tema de extrema relevância na sociedade contemporânea, especialmente para os jovens. Com a expectativa de vida aumentando significativamente, a redução progressiva da natalidade e as consequentes pressões sobre a previdência, é fundamental ter um mínimo de planejamento para buscar uma vida relativamente confortável e segura na velhice.
Uma pessoa que se preparou financeiramente ao longo da vida adotou medidas como poupança regular, investimentos e planejamento previdenciário. Mesmo que de forma mais modesta, é possível constituir alguma reserva para complementar uma eventual renda de aposentadoria, o que ampliará as chances futuras de maior autonomia e da escolha do estilo de vida.
Por outro lado, uma pessoa que não se preparou financeiramente para envelhecer está mais suscetível a enfrentar dificuldades na velhice. Sem uma reserva financeira adequada, essa pessoa poderá enfrentar limitações significativas nas escolhas, restrições em relação aos serviços de saúde e um impacto negativo na qualidade de vida.
Muitas pessoas não se preparam para a aposentadoria por falta de conhecimento sobre planejamento financeiro ou devido a prioridades de curto prazo que dificultam a gestão de recursos pensando no futuro. Esse cenário pode gerar dependência de programas governamentais de assistência social, dificuldades para os familiares e comprometer a saúde física e mental.
A comparação entre uma pessoa que se preparou financeiramente para envelhecer e outra que não se preparou evidencia a importância desse planejamento. Mesmo sem garantias, a preparação financeira proporciona melhores condições de segurança, autonomia e qualidade de vida durante a velhice.
É fundamental que as pessoas busquem conhecimento sobre educação financeira, estabeleçam metas de poupança, invistam em planos de previdência e pensem sobre seu futuro financeiro desde cedo. Essas medidas podem fazer a diferença entre uma velhice confortável e uma marcada por dificuldades e dependência.
No âmbito social, deve-se trabalhar na transformação cultural necessária para ampliar a contratação de pessoas mais velhas. Segundo o relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) “Recomendações Sobre Políticas de Envelhecimento e Emprego”, de junho de 2022, é necessário fortalecer as oportunidades para que os trabalhadores construam carreiras mais longas e continuem trabalhando em idades mais avançadas. Isso pode ser alcançado por meio de incentivos financeiros para trabalhar por mais tempo e influência nas normas sociais sobre o trabalho tardio na carreira, transformando o comportamento de empregados e empregadores.
O assunto exige uma reflexão profunda e o engajamento político necessário para uma transformação da sociedade. Enquanto as políticas públicas não forem suficientes para garantir um padrão de vida mínimo para toda a população, o planejamento pessoal deverá ser estimulado. Sabe-se que, se o tema não é simples para quem tem condições de se preparar para o envelhecimento, imagine para quem vive com recursos escassos.
Para aqueles que não pensaram no assunto ao longo da vida, tudo fica mais difícil ao envelhecer, exceto a oportunidade de discutir o tema com filhos, netos e amigos, evitando que a negação à velhice e suas complexidades afetem as próximas gerações. Espera-se que a reflexão e o incômodo plantados na juventude rendam bons frutos no futuro.